O Renascer da Fenix: Saudade de Natal

domingo, 21 de dezembro de 2008

Saudade de Natal

Ontem fui passar a tarde com pessoas amigas. Uma delas era a minha madrinha, já com mais de oitenta anos. Uma doce senhora que me adora.
Conta a minha mãe que ela me viu nascer e que logo nesse momento me atribuiu uma alcunha carinhosa devido ao formato dos meus olhos: “chinesinha”
Raramente tenho estado com a minha madrinha nos últimos anos e no futuro sou capaz de não voltar a vê-la. Vai partir, em breve, com a filha, para “o outro lado do mundo”.
Talvez já não volte…
Fez-me bem vê-la e às outras pessoas com quem convivi em menina.
E agora dói-me tanto a saudade!
A saudade de talvez não voltar a vê-la.
A saudade de não ver e não saber onde estão tantas outras pessoas com quem cresci.
A saudade de todas as terras onde vivi, cresci, fiz amigos.
A saudade desses amigos.
Tenho a sorte de saber dos meus melhores amigos. Mas tenho saudade na mesma, porque não estamos juntos.
O Natal faz-me saudade de estar convosco amigos.
O que eu não daria para estar convosco agora e poder abraçar-vos!
Feliz Natal meus amigos!

5 comentários:

Unknown disse...: A saudade e as recordações sempre de mãos dadas.

FelizNatal,
Beijinhos; 21 de dezembro de 2008 às 02:32
A. João Soares disse...: Cara Fénix,
Embora o culto das saudades não seja propiciador de felicidade no momento que passa, elas são inevitáveis nos momentos dos tradicionais encontros familiares e de amigos. O Natal é um momento de saudade, começando pelo que aconteceu há 2008 anos para bem do mundo, segundo os escritos religiosos cristãos. Depois é a família reunida e a recordação daqueles que já não podem estar.
Beijos e votos de um Feliz Natal
João

P.S.: Também, quando já tinha 27 anos, um grupo de mais de duzentos rapazes alunos de uma escola superior, se referia a mim como «o chinês», não apenas pelos olhos, mas também pela paciência e sensatez com que lidava com eles, os aconselhava e lhes tolerava, dentro dos limites possíveis alguma indisciplina própria da idade. Todos ficaram meus amigos e, quando nos encontramos sentimos alegria e saudade desses tempos.; 21 de dezembro de 2008 às 07:15
mfc disse...: À medida que vamos caminhando vai ficando alguma coisa para trás!
Não podemos carregar uma vida toda!
... e há tanta coisa boa que perdemos para sempre!; 21 de dezembro de 2008 às 17:04
Fenix disse...: Ana Martins,
É bem verdade.
As boas recordações trazem-nos sempre saudade.
É isso que permite que elas continuem vivas nas nossas almas…
O prazer que os acontecimentos recordados nos trazem, mantém-nas vivas, mas sentimos a vontade de revive-las e por isso aquela sensação que só a palavra saudade consegue traduzir…
Feliz Natal
Beijinhos
------------------------
A. João Soares,
Bem Haja pelas suas palavras de consolo, pela saudade.
Tal como já disse acima, é bem verdade que as boas recordações, aquelas de momentos de alegria, são as que nos deixam saudade.
Não há dúvida que a saudade dói e a dor nunca é uma sensação agradável.
Mas como poderíamos avaliar a ausência de dor, o bem estar, se não conhecêssemos a dor?
Como poderíamos valorizar as alegrias se não conhecêssemos as tristezas?
E a dor da saudade pode ser colmatada em alegria.
Ao fim de algum tempo a sentir o vazio, a nostalgia, dessas boas recordações, consigo olhar para o lado positivo: Tenho as boas recordações porque vivi bons momentos!
Portanto faço apelo à minha memória, revivo esses momentos em pensamento e sinto-me feliz e privilegiada por os ter tido. Revivo-os e volto a sorrir, com cada gesto, com cada palavra que me deixou boas recordações.
Agradeço a todos os amigos que me proporcionaram e continuam a proporcionar bons momentos, que serão as boas recordações no futuro.
Obrigada a si também, pelos bons momentos de leitura e companhia “virtual” que me tem proporcionado.
Abraço e votos de Feliz Natal
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mfc,
Permite-me discordar um pouquinho…, não perdemos nada para sempre…, mesmo que já não viva perto de nós, mesmo que já não se possam repetir as vivências…
Todas as pessoas de quem gostamos, presentes ou ausentes, continuam a viver na nossa alma. Todas as boas vivências que tivemos, não estão perdidas, estão dentro de nós. Podemos trazê-las de volta ao pensamento sempre que queiramos, sempre que necessitemos delas.
Podemos voltar a sorrir ou até verter uma lágrima de saudade, mas nunca perdemos aquilo que nunca esquecemos. É nosso para sempre!
É a única coisa que ninguém nos poderá tirar sem nos transformar em algo que já não somos nós.
É natural sentir saudade das coisas boas que tivemos no passado e…, a saudade faz doer…
Também o amor faz doer e não conseguimos viver sem ele…
São faces da mesma moeda: Boas recordações/Saudade, Amor/Dor
Mas somos ricos, porque temos boas recordações e podemos continuar a viver bons momentos e a construir boas recordações para o futuro!
Abraço; 22 de dezembro de 2008 às 07:52
mfc disse...: Percebi perfeitamente a tua correcção e agradeço.

Mais um beijinho grande.; 26 de dezembro de 2008 às 16:59

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Aqui já em baixo está a lista de todas as mensagens deste blogue agrupada por temas. Para quem gosta do que vou escrevendo em verso têm os Versos meus (com rima) e os Versos meus (sem rima). Para quem queira saber mais acerca de mim tem os Pedaços de Vidas Reais , etc.

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Homenagem a

Alexandre O’Neill

«Mesa dos sonhos»

Ao lado do homem vou crescendo
Defendo-me da morte quando dou
Meu corpo ao seu desejo violento
E lhe devoro o corpo lentamente
Mesa dos sonhos no meu corpo vivem
Todas as formas e começam
Todas as vidas
Ao lado do homem vou crescendo
E defendo-me da morte povoando
de novos sonhos a vida.

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Eça de Queirós

em "As Farpas" 1871

O país perdeu a inteligência e a consciência moral.
Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada.
Os caracteres corrompidos.
A prática da vida tem por única direcção a conveniência.
Não há princípio que não seja desmentido.
Não há instituição que não seja escarnecida.
Ninguém se respeita.
Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos.
Ninguém crê na honestidade dos homens públicos.
Alguns agiotas felizes exploram.
A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia.
O povo está na miséria.
Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente.
O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências.
Diz-se por toda a parte: o país está perdido!"

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Fernando Pessoa

ANÁLISE

Tão abstrata é a idéia do teu ser
Que me vem de te olhar, que, ao entreter
Os meus olhos nos teus, perco-os de vista,
E nada fica em meu olhar, e dista
Teu corpo do meu ver tão longemente,
E a idéia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
Sabendo que tu és, que, só por ter-me
Consciente de ti, nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.
Fernando Pessoa, 12-1911

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Nem Sempre Sou Igual

Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
De que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor da sombra.
Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.
Por isso quando pareço não concordar comigo,
Reparem bem para mim:
Se estava virado para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma ...

Alberto Caeiro
O Guardador de Rebanhos

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Luis Vaz de Camões

Amor é...

Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?