Completou-se ontem um ano que finalmente ganhei coragem para começar a concretizar algo que desejava há muito tempo.
Por motivos vários, há mais de vinte e um anos, perdi o contacto com a quase totalidade das pessoas com quem convivia no meu dia-a-dia, até então.
Havia colegas, amigos e grandes AMIGOS. De todos me perdi. A todos perdi o rasto e tinha saudades. De algumas pessoas tinha tantas saudades que até doía!
Há uns seis anos decidi que tinha que fazer alguma coisa para mudar isto. Tinha que encontrar pelo menos algumas dessas pessoas. Mas o tempo foi passando, o corre-corre da vida e alguma falta de coragem e receio de como me receberiam, fez-me adiar essa busca.
Entretanto, há uns quatro anos, passei por uma experiência muito dolorosa. Tão dolorosa que cheguei a questionar se sobreviveria a ela. Como naqueles filmes em que o personagem passa por uma experiência de quase morte, também eu reavaliei a minha vida passada. Pensei em tudo o que era importante para mim, em tudo o que alguma vez tinha sido importante para mim e percebi que tinha mesmo que procurar algumas destas pessoas, nem que fosse a última coisa que eu fizesse. Na altura não estava em condições de o fazer, mas agarrei-me a essa ideia e foi mais uma coisa que me ajudou a não me deixar ir. Lutei por sobreviver e ultrapassar aquela fase, aqueles problemas, não só pela minha família mas também para poder vir a procurar estas pessoas. Podia até nem ser bem recebida, mas pelo menos tinha que tentar. Não podia morrer sem tentar!
Fez ontem um ano procurei contactar uma dessas pessoas. Procurei o nome nas Páginas Brancas na Internet e encontrei. Muito a medo, muito a tremer, telefonei e acertei. Fui muito bem recebida e isso encorajou-me a continuar.
Faz hoje um ano procurei mais uma destas pessoas, pelo mesmo método. Deu um pouco mais de trabalho porque tive que procurar em várias localidades e não acertei à primeira. Mas também consegui e também fui muito bem recebida.
Através dessas pessoas e de outras que fui encontrando quase por acaso, consegui encontrar a maioria das pessoas com quem tinha perdido o contacto por aquela altura.
Só bastante mais tarde, já em Abril deste ano, consegui reencontrar pessoas com quem tinha perdido o contacto há muito mais tempo, trinta e três anos.
Faziam-me muita falta estas pessoas. À medida que o tempo ia passando ia sentindo cada vez mais o vazio deixado pela ausência delas. A saudade doía como uma enorme ferida no peito.
Estou muito contente por as ter procurado e encontrado!
É como se tivesse recuperado pedaços de mim própria.
Sou uma felizarda porque todos me receberam bem.
Suponho que isso tem a ver com a pessoa que sou e que fui e com a memória que lhes deixei. Fico contente por lhes ter deixado boas memórias.
Espero nunca mais perder o contacto com as pessoas de quem gosto. Mas se isso acontecer espero que me procurem. Posso estar a precisar de amigos e não ter forças para os procurar. Serão tão bem recebidas como me receberam a mim.
Bem Hajam amigos!