O Renascer da Fenix: Melancolia...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Melancolia...

Todo o dia me senti melancólica.
Por nenhuma razão especial…
Talvez seja este período de Natal…, de nostalgia de outros Natais…, de outros tempos…, de outros espaços…
Natais quentes…, Natais gelados…, Natais felizes…, Natais tristes…
Até tinha pensado nem escrever nada neste espaço. Uma Fénix não deve estar triste!
Mas a vida é mesmo assim…, há momentos para tudo.
E depois ouvi nas notícias o início de mais uma polémica sobre a eutanásia.
Alguém, de nacionalidade britânica, se deslocou à Suiça para poder libertar-se do sofrimento de uma doença terminal com recurso à morte assistida. Como forma de mostrar, mais uma vez, como é necessário alterar a lei a este respeito, fez-se filmar durante todo o processo. E a família encarregou-se de difundir o filme pelos meios de comunicação britânicos.

Também em Portugal é necessário mudar a lei.
Não é justo obrigar alguém a viver uma vida vegetativa e de sofrimento.
Logo hoje, que tanto se falou da Declaração Universal dos Direitos Humanos!
Faz-me mais uma vez pensar, que não compreendo como certas entidades “ditas” defensoras dos Direitos Humanos, continuam contra a eutanásia!
O direito a pôr fim ao sofrimento é um Direito Humano!

Who wants to live forever?

7 comentários:

Devaneante disse...: Amiga, não podia estar mais de acordo!

O que me choca neste tema é existirem pessoas, e entidades, que se opõem à Eutanásia. Acho normal que as pessoas rejeitem a eutanásia quando aplicada a elas próprias, o que não posso aceitar é que procurem impor os mesmos princípios às outras pessoas.

Eu, enquanto estiver na posse das minhas faculdades intelectuais, sou o único dono legítimo do meu corpo e da minha vida, por isso não posso aceitar que outros me possam impedir de exercer o pleno direito dessa propriedade.; 11 de dezembro de 2008 às 09:48
A. João Soares disse...: A eutanásia, aplicada com são critério, é uma obra de misericórdia por terminar o sofrimento quando não há qualquer esperança de recuperação. Tenho dito isso à minha família. Quando não reconhecer os familiares e amigos que me visitem e não conseguir expressar de qualquer forma uma vida minimamente inteligente, deixem de me dar seja o que for que prolongue a vida, mesmo alimentos, e dêem-me somente medicamentos para evitar as dores.
Porém, reconheço que a eutanásia pode permitir abusos de herdeiros que pretendem entrar mais depressa na utilização da herança! E abusos do Estado para se libertar de pessoas não produtivas evitando gastos com hospitais, medicamentos, pensões, etc, etc. Em Estados que raciocinam com base no dinheiro, a eliminação de reformados e deficientes é uma tentação com que devemos contar.
Beijos
João; 11 de dezembro de 2008 às 10:06
Fenix disse...: Amigo, Devaneante do Cantinho,

É isso mesmo que eu penso: “enquanto estiver na posse das minhas faculdades intelectuais, sou a única dona legítima do meu corpo e da minha vida, por isso não posso aceitar que outros me possam impedir de exercer o pleno direito dessa propriedade.”

Por isso sempre defendi a liberalização do aborto!
E também porque penso, sinto-o como mulher e mãe, que nenhuma mãe (que já o é porque já transporta o filho no ventre), abdica do seu filho se não estiver plenamente convencida de que esse é o mal menor.
Felizmente essa batalha já começou a ser ganha. Por isso não desisto de lutar também pela legalização da eutanásia.

Abraço; 11 de dezembro de 2008 às 14:44
Fenix disse...: A. João Soares,

Concordo consigo, no que diz respeito ao mau uso que pode ser dado à eutanásia.
Nesta, como em muitas outras coisas, é necessário um cuidado especial do legislador e mesmo assim é impossível evitar alguns “desvios”. Tenho consciência disso.
Ainda assim, mesmo não sabendo nada de como legislar, penso que é possível modificar a lei. É concerteza possível fiscalizar rigorosamente cada situação, e evitar ao máximo os abusos.
Proibir indiscriminadamente parece-me pior.

E partilho da atitude que toma relativa à sua própria vida.

Abraço; 11 de dezembro de 2008 às 15:28
A. João Soares disse...: Cara Fenix,
Não tenho receio da lei, porque essa normalmente é rigorosa, embora deixe frestas por onde possa haver fugas.
Receio os abusos do Poder. Já em 5 de Outubro escrevi um comentário no Sempre Jovens que transcrevo:
Se ainda está longe da idade de reforma, prepare-se para esse dia chegar mais tarde do que aconteceu aos seus pais e, quanto ao valor da pensão, será certamente uma percentagem da média de todos os salários que recebeu durante a vida, inferior à que está em vigor. Mas trate da sua saúde desde já, porque depois, quando adoecer, o Estado não correrá o risco de ter de gastar muito consigo e aproveitará uma oportunidade de dizer que o caso é incurável e aplica-lhe a eutanásia de forma mais ou menos discreta!!! A Segurança Social, faz as contas aos euros e actuará de forma comercial, fazendo apenas investimentos pouco volumosos e rentáveis.
Não se assuste. Isto talvez dure mais uns anos a chegar!!!!
Mas tenhamos esperança que a ética e a moralidade acabará por regressar aos costumes das sociedades. Oxalã que sim.
Beijos
João; 11 de dezembro de 2008 às 21:43
Devaneante disse...: Amiga, o aborto é uma coisa completamente diferente. Podendo não concordar, respeito e compreendo a posição daqueles que se opõem ao aborto. Eu próprio, apesar de ter votado sim no referendo, continuo, ainda hoje, dividido em relação a este assunto.

Sem me querer alongar muito, as razões para este respeito, e para a minha própria divisão, resumem-se em dois pontos:

1- Considero legítimo que se considere que no aborto está em causa a vida de um ser humano. É uma questão complexa e não consensual de saber onde começa, afinal, a existência de um novo ser.
2- Uma gravidez, excluindo os casos de violação, resulta de um acto consciente de dois seres humanos e, como em todas as coisas da vida, as pessoas têm de ser responsáveis pelas consequências dos seus actos.

Já no caso da eutanásia, o que está em causa é, única e exclusivamente, a vida da própria pessoa. Os únicos terceiros que estão envolvidos são os médicos e enfermeiros que prestem o necessário apoio no processo, aos quais terá de ser garantido o direito à objecção de consciência.; 12 de dezembro de 2008 às 09:46
Fenix disse...: A. João Soares,

Estou completamente de acordo consigo!
São os abusos do Poder que devemos recear mais.
Quanto ao seu comentário sobre a idade da reforma, também é assim que penso. Se não tomarmos (nós próprios) conta da nossa saúde e da preparação da nossa velhice, então estamos condenados!
Temos que começar, tão cedo quanto possível, a planear e economizar para quando já não ganharmos dinheiro com o nosso trabalho, porque depois já seremos um estorvo.
Um estorvo para uma sociedade cada vez mais virada para questões economicistas. Julgo que se podia dar uma excelente utilização a uma boa parte das pessoas reformadas. Não fazendo-as trabalhar mais, mas permitindo e incentivando algo que a maioria gosta de fazer: partilhar experiências e aprendizagens, conversar, ensinar conversando.
Antes, quando as famílias viviam próximas e as crianças eram criadas em casa, era especialmente com os avós que aprendiam (de ouvir contar) muitas experiências de vida. Soavam a histórias, mas por serem contadas com tanto carinho e intensidade “entranhavam-se” na memória e serviam de base, pela vida fora, para a elaboração de escolhas e de comportamentos, muitas vezes de forma inconsciente, mas decisiva. Lembro-me de o meu pai contar como conseguiu resolver muitos problemas difíceis, tanto a nível profissional (técnico), como a nível comportamental, recorrendo à comparação com vivências que o avô lhe tinha contado. Ele ainda era um garotinho que não as compreendia, mas memorizava, o que o avô adorado lhe contava.
É uma pena deixar perder tudo o que os “velhos” têm para ensinar. Podemos aprender com os erros que cometeram, para não os repetirmos e cultivar os seus sucessos, para chegarmos mais além.
Qaunto a mim, o valor dos “velhos” não tem preço. Mas claro, quem só sabe contar euros (ou dólares), não tem uma unidade de medida para contabilizar esta riqueza!

Abraço

Devaneante do Cantinho,

Este tema, do aborto voluntário, ou como se lhe convencionou chamar, Interrupção Voluntária da Gavidez (IVG), é sem dúvida inspirador de grandes polémicas!
Esta não vai ser uma excepção. Vamos voltar ao debate, como fizémos há pouco tempo atrás com a questão do egoísmo/altruísmo.
Vai dar muito que escrever e por isso responder-te-ei num futuro texto, não aqui, nos comentários.
Mas gostei que “incendiásses” o debate. Gosto sempre de um bom desafio!

Abraço; 13 de dezembro de 2008 às 10:18

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Há muito mais para ver no arquivo deste blogue e nos meus outros blogues.

Aqui já em baixo está a lista de todas as mensagens deste blogue agrupada por temas. Para quem gosta do que vou escrevendo em verso têm os Versos meus (com rima) e os Versos meus (sem rima). Para quem queira saber mais acerca de mim tem os Pedaços de Vidas Reais , etc.

Lá mais abaixo está o arquivo das mensagens deste blogue ordenadas por datas, a começar pelo princípiu, em Novembro de 2008. Foi um renascimento pois existiu (entre Julho e Outubro de 2008) um blogue que foi apagado.

Sinta-se convidado(a) a ver, ler, comentar.
Recebo e leio todos os comentários. Mesmo às mensagens antigas.

Seja bem vindo(a)!
:-)))

Homenagem a

Alexandre O’Neill

«Mesa dos sonhos»

Ao lado do homem vou crescendo
Defendo-me da morte quando dou
Meu corpo ao seu desejo violento
E lhe devoro o corpo lentamente
Mesa dos sonhos no meu corpo vivem
Todas as formas e começam
Todas as vidas
Ao lado do homem vou crescendo
E defendo-me da morte povoando
de novos sonhos a vida.

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Eça de Queirós

em "As Farpas" 1871

O país perdeu a inteligência e a consciência moral.
Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada.
Os caracteres corrompidos.
A prática da vida tem por única direcção a conveniência.
Não há princípio que não seja desmentido.
Não há instituição que não seja escarnecida.
Ninguém se respeita.
Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos.
Ninguém crê na honestidade dos homens públicos.
Alguns agiotas felizes exploram.
A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia.
O povo está na miséria.
Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente.
O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências.
Diz-se por toda a parte: o país está perdido!"

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Fernando Pessoa

ANÁLISE

Tão abstrata é a idéia do teu ser
Que me vem de te olhar, que, ao entreter
Os meus olhos nos teus, perco-os de vista,
E nada fica em meu olhar, e dista
Teu corpo do meu ver tão longemente,
E a idéia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
Sabendo que tu és, que, só por ter-me
Consciente de ti, nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.
Fernando Pessoa, 12-1911

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Nem Sempre Sou Igual

Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
De que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor da sombra.
Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.
Por isso quando pareço não concordar comigo,
Reparem bem para mim:
Se estava virado para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma ...

Alberto Caeiro
O Guardador de Rebanhos

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Luis Vaz de Camões

Amor é...

Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?