terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Memória de um Natal passado


Um dos natais passados, que mais me marcou, foi o Natal de 1973.
Foi passado na “terra”, como se costuma dizer quando nos referimos à terra dos nossos pais e avós.
Dessa vez foi na casa dos meus avós paternos. Na verdade já só a minha avó era viva, mas esforçou-se por me transmitir todas as tradições do Natal na “terra”. Mesmo aquelas que ela dizia que habitualmente eram levadas a cabo pelo meu avô.
Lembro-me que estava frio, muito muito frio!
Nunca tinha tido tanto frio na minha vida.
Primeiro preparámos o presépio. Para assentar o presépio fomos apanhar musgo nas zonas mais húmidas da horta em frente à casa. Em volta do poço, junto aos muros…
Sempre com muito cuidado para não danificar e despedaçar o musgo. Escolhemos o mais verdinho e macio. Este era um trabalho que a minha avó dizia ser habitualmente levado a cabo pelo meu avô.
Depois, colocámos sacos de lona no chão, de soalho, num canto da sala e dispusemos cuidadosamente o musgo.
Ficou lindo!
Sem fendas!
Completamente uniforme!
Parecia um manto de veludo verde!
Nunca antes tinha imaginado ver tanta beleza num pedaço de musgo.
De seguida foram colocadas as figuras do presépio, e a casinha de palha. Este foi um trabalho da minha avó, pois eu ainda tinha que aprender e era necessário muito cuidado para não quebrar as peças de porcelana antiga, passadas de geração em geração.
Foi um deslumbramento!
E pela tradição da minha avó teria ficado assim, mas o meu pai resolveu acrescentar a árvore. Um pinheirinho verdadeiro que ele próprio foi cortar.
Os efeites da árvore ficaram ao encargo da minha mãe.
Com a minha avó fui então tratar das filhoses. Eu não fiz nada, senão assistir e provar a massa crua. Como eu gostava da massa das filhoses!
(Ainda gosto, mas infelizmente já não tenho a minha avó.)
No fritar das filhoses, era tradição contar-se com a ajuda dos homens da casa, para as virar. Naquele ano foi só o meu pai.
Até me lembro de uma graça que a minha avó me contou relativa a essa tradição.
Perguntou-me ela: “Sabes quando é que a mulher chama porco ao homem?”
R.: “Na noite de Natal”
Claro que eu não percebi nada daquilo e ela explicou: “A mulher está sempre a dizer ao homem para virar as filhoses, antes que se queimem e diz – VIRA, VIRA!”
Pelo que ela me contou também era isso que diziam aos porcos para os fazer afastar da pia quando iam deitar comida na pia!

Enquanto tratávamos das filhoses, a minha mãe preparou a Seia de Natal: Couves, batatas, bacalhau e ovos, tudo cozido.
Mas antes de comer todos estes manjares, chegou a hora da Missa do Galo, onde fomos todos aperaltados, de acordo com a tradição!
À saída da Missa do Galo, mais uma tradição nos aguardava: O Madeiro!
Nunca tinha visto uma fogueira tão grande, ao ar livre e tanta gente a conversar à volta. Saudando-se e desejando-se Boas Festas. Do lado da fogueira muito calor, pelo outro lado muito frio! Depois rodava para aquecer o resto do corpo!
Só depois de saudar todos os familiares, o que numa aldeia significa toda a aldeia, se podia regressar a casa. Para então comer a Consoada!

Durante a noite, enquanto dormia, os presentes foram entregues pelo Menino Jesus, em pessoa. De acordo com a tradição da minha avó!

5 comentários:

mfc disse...

A capacidade de encantamento era enorme nesse tempo!

Mariazita disse...

Os meus Natais de menina, na minha terra :) eram muito semelhantes ao que aqui descreves.
A diferença é que a consoada era servida à hora normal do jantar, nesse dia um pouco mais tarde do que a hora habitual, e depois da missa do galo era só ir para a cama.
Também esperávamos que o Menino Jesus viesse trazer as prendas,que punha dentro (ou ao lado) dum sapato que deixávamos junto ao presépio.
(Agora são trazidas pelo pai natal...)
Havia também um hábito que não sei se haveria na tua terra, mas pelo menos aqui não falas nisso.
No dia 24 apanhava-se um toro de pinheiro grande e bem grosso, que se punha na lareira, e ficava toda a noite aceso (por isso tinha que ser bem grosso). No dia seguinte
apagava-se e guardava-se.
Então, ao longo do ano, quando trovejava, acendia-se esse tronco para afastar a trovoada.

Foi tão bom estar aqui a recordar!
Obrigada por estas lembranças que fizeste vir à minha memória.

Uma noite feliz.
Beijinhos
Mariazita

Dinkin disse...

Natal é muito bom!
Reunir toda a família!
Fazer orações todos juntos!
=)
Beijos!

Anónimo disse...

que giro, o meu Natal também foi assim durante anos e anos, mas em casa da minha madrinha.
apesar de tentar manter tudo mais ou menos igual (adaptei o conceito familia a amigos) o Natal na minha madrinha, padrinho e primo tinha outro cheiro.

Fenix disse...

mfc,
Pois era…
Via-se menos televisão, ou nem se via…
Viviam-se as histórias que nos contavam…, com a magia que cada contador lhes acrescentava e com o ambiente quente de calor humano…
Eram tempos muito mais saudáveis para as mentes infantis e juvenis…
Abraço
-------------------------------
Mariazita,
Ainda bem que pude proporcionar-te prazer com o meu texto e as minhas memórias!
Quanto à tradição de que falas, do toro de pinheiro, na terra do meu pai não existia. Mas de facto eu já ouvi falar dessa tradição, julgo que foi a minha mãe que me falou disso. Não sei se seria tradição na terra dela, mas vou perguntar-lhe.
Um grande beijinho
-------------------------------
Dina,
Antes de mais, agradeço a tua visita e comentário.
De facto, a melhor parte do Natal é o calor humano que se gera.
Aquele que nós sentimos cá dentro da alma…, mesmo que haja distância física.
Abraço
-------------------------------
filha do administrador,
Obrigada por “voares” pelo meu espaço e mostrares que o fizeste, deixando-me um comentário.
Sim, tudo agora é diferente…, outro cheiro, outros sons (ruídos principalmente), outros sabores…
Mas o importante é encontrar, cada um de nós, o seu próprio Natal…, a sua forma própria de ser feliz nesta quadra, que se quer de alegria.
Eu também adaptei o conceito, mas fui ainda um pouco mais longe…
Para mim, família, são as pessoas de quem eu mais gosto, mesmo que não sejamos consanguíneos…
Abraço
Volta sempre

PS.: Gosto muito dos teus desenhos, lá no teu blog. Eu não tenho nenhum talento para desenho, mas gosto muito de apreciar.

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Aqui já em baixo está a lista de todas as mensagens deste blogue agrupada por temas. Para quem gosta do que vou escrevendo em verso têm os
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Recebo e leio todos os comentários. Mesmo às mensagens antigas.

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O Citador

Citações de Temas Citações Soltas Citações de Autores

Homenagem a

Alexandre O’Neill

«Mesa dos sonhos»

Ao lado do homem vou crescendo
Defendo-me da morte quando dou
Meu corpo ao seu desejo violento
E lhe devoro o corpo lentamente
Mesa dos sonhos no meu corpo vivem
Todas as formas e começam
Todas as vidas
Ao lado do homem vou crescendo
E defendo-me da morte povoando
de novos sonhos a vida.


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Eça de Queirós

em "As Farpas" 1871

O país perdeu a inteligência e a consciência moral.
Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada.
Os caracteres corrompidos.
A prática da vida tem por única direcção a conveniência.
Não há princípio que não seja desmentido.
Não há instituição que não seja escarnecida.
Ninguém se respeita.
Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos.
Ninguém crê na honestidade dos homens públicos.
Alguns agiotas felizes exploram.
A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia.
O povo está na miséria.
Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente.
O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências.
Diz-se por toda a parte: o país está perdido!"


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Fernando Pessoa

ANÁLISE

Tão abstrata é a idéia do teu ser
Que me vem de te olhar, que, ao entreter
Os meus olhos nos teus, perco-os de vista,
E nada fica em meu olhar, e dista
Teu corpo do meu ver tão longemente,
E a idéia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
Sabendo que tu és, que, só por ter-me
Consciente de ti, nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.
Fernando Pessoa, 12-1911


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Nem Sempre Sou Igual

Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
De que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor da sombra.
Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.
Por isso quando pareço não concordar comigo,
Reparem bem para mim:
Se estava virado para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma ...

Alberto Caeiro
O Guardador de Rebanhos

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Luis Vaz de Camões

Amor é...

Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

GALERIA DE IMAGENS

Em homenagem aos que sofrem por causa do Cancro

Ofereço a todos os meus amigos e visitantes o código do laço rosa reluzente.

<img src="http://docs.google.com/File?id=dc6xjkpj_108hf3fq5gs_b"/>

Ofereço a quem a quiser levar


Código para copiar e colar em modo HTML:
<img src="http://docs.google.com/File?id=dc6xjkpj_2657dffpxz7w_b"/>

Código HTML do selo para o Dia da Mulher em tamanho pequeno:
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Recebi estes selos sem qualquer regra para a sua re-atribuição.
Portanto sirvam-se meus amigos.
Levem os que vos agradarem para colorir as vossas "casas".
São ofertas do coração, tal como as recebi, com o coração.

Bem hajas amiga Isabel

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