Habitualmente ficava até a sala ficar vazia, ou quase. Ficava para ouvir as perguntas e as respostas, para colocar as suas questões, para apontar as suas conclusões.
Por vezes ficava mesmo para última, para poder questionar em particular.
Mas hoje era diferente!
Eram dezoito horas de dia trinta de Dezembro. Estava longe de casa, num país estranho.
Tinha passagem de avião reservada para as vinte e duas horas. Esperava-a uma longa viagem de doze horas, de avião!
Chegaria na véspera da passagem de ano, após dois longos meses de ausência. Após um ano, a seguir a outro, de muitas ausências, mais ou menos demoradas.
É verdade que só o marido a aguardava. Nunca tinha conseguido ter filhos, apesar de muito os desejar.
Tinha uma relação distante com a sua família e as amizades eram difíceis de manter e solidificar quando se anda sempre em viagem. Mesmo com o marido, a relação era distante, dir-se-ia que era mais de conveniência, como um último recurso, como um sítio para onde voltar.
Houvera tempos em que vivera rodeada de família e de amigos. Eram muitos, muito chegados, muito calorosos. Mas, sem saber bem como, foi-se afastando de toda a gente. Umas vezes para ficar com o marido, outras por razões profissionais.
Tinha seguido sempre em frente, corrido e saltado de desafio em desafio, como se nada a preenchesse por completo, como se nada fosse suficiente.
Tinha seguido sempre em frente, corrido e saltado de desafio em desafio, como se nada a preenchesse por completo, como se nada fosse suficiente.
Viajava no Táxi, em direcção ao aeroporto, enquanto tudo isto lhe tomava, mais uma vez, os pensamentos. O trânsito estava lento, muito lento. Como se todos estivessem em corrida, tentando regressar ao lar antes de qualquer coisa...
No rádio do Táxi ouvia-se a previsão do tempo: “prevê-se uma descida acentuada de temperatura e um forte nevão, para as próximas vinte e quatro horas.”
Desejava que se enganassem. Isso poderia por em risco o seu voo de regresso a casa. Mas, olhando pela janela, o céu carregado não agoirava nada de bom.
Desejava que se enganassem. Isso poderia por em risco o seu voo de regresso a casa. Mas, olhando pela janela, o céu carregado não agoirava nada de bom.
Eram vinte horas quando finalmente se instalou numa das salas de espera, aguardando a hora do embarque.
Olhou pela janela…, lá fora era agora noite e estava uma estranha calma, nem uma brisa…
Um ambiente pesado, sob um céu espessamente nublado que reflectia todas as cores da cidade.
Olhou pela janela…, lá fora era agora noite e estava uma estranha calma, nem uma brisa…
Um ambiente pesado, sob um céu espessamente nublado que reflectia todas as cores da cidade.
Sentou-se, instalou o PC portátil no colo e ligou-o. Enquanto esperava que ele arrancasse dedicou uns instantes a olhar em volta, para quem a rodeava.
Famílias de pai, mãe e filhos, carregados de bagagem; Iam viajar para se juntar a mais família e amigos. Via-se que estavam cansados, mas felizes! Lia-se-lhes excitação e ansiedade nos rostos. Os adultos de olhar no infinito e sorriso distante, antecipando sem dúvida com base em recordações, o reencontro caloroso. As crianças em alegre correria, despreocupadas com o amanhã…
Famílias de pai, mãe e filhos, carregados de bagagem; Iam viajar para se juntar a mais família e amigos. Via-se que estavam cansados, mas felizes! Lia-se-lhes excitação e ansiedade nos rostos. Os adultos de olhar no infinito e sorriso distante, antecipando sem dúvida com base em recordações, o reencontro caloroso. As crianças em alegre correria, despreocupadas com o amanhã…
Parecia que todos estavam suspensos…, completamente preenchidos com as suas vidas.
Também se viam alguns executivos, viajando sós, mas falando ao telemóvel sem parar. Completamente absorvidos nos seus trabalhos.
Também se viam alguns executivos, viajando sós, mas falando ao telemóvel sem parar. Completamente absorvidos nos seus trabalhos.
Finalmente o PC ficou pronto e ela dirigiu a sua atenção para o ecrã, à sua frente. Nesse momento viu-o…
Estava sentado mesmo à sua frente, embrenhado nas suas coisas, de rosto escondido atrás do ecrã do PC em que trabalhava apressadamente. Olhara momentaneamente para o lado, para uma criança que gritara pela mãe e isso deixou-lhe o rosto visível.
Estava sentado mesmo à sua frente, embrenhado nas suas coisas, de rosto escondido atrás do ecrã do PC em que trabalhava apressadamente. Olhara momentaneamente para o lado, para uma criança que gritara pela mãe e isso deixou-lhe o rosto visível.
5 comentários:
O encontro fortuito que tudo pode mudar... ou não?!
Veremos...
Promete... vou ficar a aguardar o próximo capítulo.
Bom, o início promete...e deixa na boca um gostinho de "quero mais". Não posso perder a continuação desta belíssima narrativa.
Parabéns!
Uma boa semana
Beijinhos
Mariazita
Agora estou curiosa com a "continuação"
História interessante....
Tenho de voltar para saber como continua
Beijos e boa semana
Feita de encontros e desencontros é a vida.
Beijos.
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