Nota prévia: Este texto era para ter sido colocado como resposta ao comentário do Cantinho a um texto meu (Será ?), mas como se tornou muito extenso decidi publicá-lo como uma mensagem.
Será mesmo?
Será que mesmo os actos de maior altruísmo são manifestações de egoísmo?
Estou a lembrar-me da Madre Teresa que dedicou a sua vida a ajudar os outros.
Estaria ela a ser egoísta?
Como?
Chamando a atenção sobre si própria?
Aparecendo em jornais e TVs de todo o mundo?
Ganhando (para si) um prémio Nobel?
Foi esse o egoísmo dela?
Então e tudo aquilo de que ela abdicou?
Tudo o que sofreu?
A notoriedade que ganhou não terá sido a paga justa (que ela nem pediu) por todo o bem que fez?
Ela não pediu, à partida, para receber o que quer que fosse como “pagamento” pelo bem que se propunha fazer. Decidiu fazê-lo e fê-lo. Não sabia, à partida, o que iria acontecer.
O mundo é que quis gratificá-la dessa forma, mas nem sabemos se ela queria isso, ou se gostou. Talvez tenha ajudado a servir ainda melhor a causa pela qual lutava: Chamar a atenção para os desfavorecidos. Mas não creio que, a ela pessoalmente, lhe tenha trazido grande melhoria.
Ou terá sido outra coisa o “egoísmo” dela ao ser “altruísta” e doar-se aos outros?
Se calhar não entendi o sentido do que dizes…
Pessoalmente, até sou capaz de admitir que por vezes posso estar eu própria convencida de que estou a ser altruísta, mas que estou apenas a enganar-me a mim própria e o que quero (mesmo) é receber qualquer coisa…, nem que seja um sorriso…
Mas recorri a um exemplo, quanto a mim extremo, de altruísmo para tentar explicar melhor as minhas interrogações.
A Fénix é um pássaro da mitologia grega e egípcia que quando morria entrava em auto-combustão e passado algum tempo renascia das próprias cinzas. Outra característica da Fénix é sua força que a faz transportar em voo cargas muito pesadas. A vida longa da Fénix e o seu dramático renascimento das próprias cinzas transformaram-na em símbolo da imortalidade e do renascimento espiritual.
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Aqui já em baixo está a lista de todas as mensagens deste blogue agrupada por temas. Para quem gosta do que vou escrevendo em verso têm os Versos meus (com rima) e os Versos meus (sem rima). Para quem queira saber mais acerca de mim tem os Pedaços de Vidas Reais , etc.
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Seja bem vindo(a)!
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Homenagem a
Alexandre O’Neill
«Mesa dos sonhos»
Ao lado do homem vou crescendo
Defendo-me da morte quando dou
Meu corpo ao seu desejo violento
E lhe devoro o corpo lentamente
Mesa dos sonhos no meu corpo vivem
Todas as formas e começam
Todas as vidas
Ao lado do homem vou crescendo
E defendo-me da morte povoando
de novos sonhos a vida.
---------------------
Eça de Queirós
em "As Farpas" 1871
O país perdeu a inteligência e a consciência moral.
Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada.
Os caracteres corrompidos.
A prática da vida tem por única direcção a conveniência.
Não há princípio que não seja desmentido.
Não há instituição que não seja escarnecida.
Ninguém se respeita.
Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos.
Ninguém crê na honestidade dos homens públicos.
Alguns agiotas felizes exploram.
A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia.
O povo está na miséria.
Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente.
O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências.
Diz-se por toda a parte: o país está perdido!"
---------------------
Fernando Pessoa
ANÁLISE
Tão abstrata é a idéia do teu ser
Que me vem de te olhar, que, ao entreter
Os meus olhos nos teus, perco-os de vista,
E nada fica em meu olhar, e dista
Teu corpo do meu ver tão longemente,
E a idéia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
Sabendo que tu és, que, só por ter-me
Consciente de ti, nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.
Fernando Pessoa, 12-1911
---------------------
Nem Sempre Sou Igual
Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
De que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor da sombra.
Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.
Por isso quando pareço não concordar comigo,
Reparem bem para mim:
Se estava virado para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma ...
Alberto Caeiro
O Guardador de Rebanhos
---------------------
Luis Vaz de Camões
Amor é...
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
«Mesa dos sonhos»
Ao lado do homem vou crescendo
Defendo-me da morte quando dou
Meu corpo ao seu desejo violento
E lhe devoro o corpo lentamente
Mesa dos sonhos no meu corpo vivem
Todas as formas e começam
Todas as vidas
Ao lado do homem vou crescendo
E defendo-me da morte povoando
de novos sonhos a vida.
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em "As Farpas" 1871
O país perdeu a inteligência e a consciência moral.
Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada.
Os caracteres corrompidos.
A prática da vida tem por única direcção a conveniência.
Não há princípio que não seja desmentido.
Não há instituição que não seja escarnecida.
Ninguém se respeita.
Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos.
Ninguém crê na honestidade dos homens públicos.
Alguns agiotas felizes exploram.
A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia.
O povo está na miséria.
Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente.
O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências.
Diz-se por toda a parte: o país está perdido!"
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ANÁLISE
Tão abstrata é a idéia do teu ser
Que me vem de te olhar, que, ao entreter
Os meus olhos nos teus, perco-os de vista,
E nada fica em meu olhar, e dista
Teu corpo do meu ver tão longemente,
E a idéia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
Sabendo que tu és, que, só por ter-me
Consciente de ti, nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.
Fernando Pessoa, 12-1911
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Nem Sempre Sou Igual
Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
De que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor da sombra.
Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.
Por isso quando pareço não concordar comigo,
Reparem bem para mim:
Se estava virado para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma ...
Alberto Caeiro
O Guardador de Rebanhos
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Luis Vaz de Camões
Amor é...
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
GALERIA DE IMAGENS
Em homenagem aos que sofrem por causa do Cancro
Ofereço a todos os meus amigos e visitantes o código do laço rosa reluzente.
<img src="http://docs.google.com/File?id=dc6xjkpj_108hf3fq5gs_b"/>
Ofereço a quem a quiser levar
Código para copiar e colar em modo HTML:
<img src="http://docs.google.com/File?id=dc6xjkpj_2657dffpxz7w_b"/>
Código HTML do selo para o Dia da Mulher em tamanho pequeno:
<img src="http://docs.google.com/File?id=dc6xjkpj_2659c29qqwc7_b"/>
Ofertas da amiga Isabel do blogue Artista Maldito
Recebi estes selos sem qualquer regra para a sua re-atribuição.
Portanto sirvam-se meus amigos.
Levem os que vos agradarem para colorir as vossas "casas".
São ofertas do coração, tal como as recebi, com o coração.
Bem hajas amiga Isabel
Portanto sirvam-se meus amigos.
Levem os que vos agradarem para colorir as vossas "casas".
São ofertas do coração, tal como as recebi, com o coração.
Bem hajas amiga Isabel
5 comentários:
Um bom sítio para começar...
Estou a ver que gostas de Psicologia!
Eu também!
Sempre pensei que Psicologia seria a minha segunda licenciatura :-)
E como “Os sonhos não têm prazo de validade”…
Pois…, mas voltando ao egoísmo…, essa visão não é um tanto hedonista?
Não, não me parece que sejam a mesma coisa.
O hedonismo procura o prazer, evitando todo o tipo de sofrimento.
O egoísmo de que falamos não rejeita o sofrimento, pelo contrário, procura-o se daí resultar alguma forma de prazer no futuro (no limite, depois da morte).
Ok,
Então, por muito que me custe admitir (e custa), acho que sou muito egoísta!
Ainda bem que me mostras-te..., mas não vou mudar uma nem um nanogésimo!
Gosto de mim como sou!
E pronto..., vou continuar a oferecer e a mimar as pessoas de quem gosto, porque isso me dá prazer.
Na CONDIÇÃO OBRIGATÓRIA, de com isso não as prejudicar/incomodar.
Abraço
Fenix
Parece-me bem...
O expoente máximo do egoísmo de uma pessoa é o de garantir que ele serve o egoísmo de outras pessoas.
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