Aconselhou-me a “viver cada dia como se fosse o primeiro”. Encarar cada novo dia como uma nova oportunidade para fazer o que gosto, para ser melhor, para viver.
Ele tem razão e fez-me recordar que durante muitos anos eu acordava todas as manhãs exactamente com esse estado de espírito. Com a alegria de ter um novo dia, ainda por “escrever” para fazer tudo melhor, para aprender a ser melhor, para dar mais um passo no sentido da realização dos meus sonhos.
Nessa época, todas as noites, antes de adormecer, fazia um exame detalhado ao dia que tinha passado, reflectia sobre os meus actos durante esse dia e sobre as consequências que tinha obtido deles, tirava conclusões e tomava decisões para o futuro, em especial para o dia seguinte.
Ao acordar no dia seguinte ficava feliz por ter chegado o momento de começar a por em prática as decisões da véspera.
Fazia isto todos os dias e assim me melhorava e sentia que crescia.
Não sei exactamente quando é que isto mudou, mas sei que em certo momento mudou.
Deixei de fazer a reflexão antes de adormecer e o acordar passou a ser menos entusiasta.
Também não sei exactamente os motivos que provocaram estas alterações, mas posso fazer uma ideia. Menos tempo para dormir, o que acumula cansaço e provoca adormecimento rápido sem sequer ter tempo para reflectir. Saltar da cama ainda a dormir para dar resposta a inúmeras solicitações, sem sequer ter recuperado do cansaço da véspera e de muitos outros dias e noites extenuantes… Enfim, a vida adulta. Responsabilidades profissionais, responsabilidades paternais, responsabilidades conjugais, responsabilidades e mais responsabilidades.
A certa altura, sem nos apercebermos, começamos a viver um dia de cada vez e já não se reflecte sobre o que vamos vivendo, fazendo, recebendo e também já não se planeia e aguarda cada dia com a ansiedade de realizar os sonhos. Já nem há tempo para sonhar e até se instala o receio de sonhar e sofrer pela não realização do sonho. Fica-se contente por conseguir sobreviver mais um dia e tenta-se vivê-lo tão pleno, “como se fosse o último”.
Escrevi aquela frase no meu perfil, inspirada no exemplo de Randy Pausch, após ler o seu livro “A última aula”. Admiro a sua coragem, a sua força e a sua alegria de viver!
Porém julgo que interpretei mal a sua postura perante a vida. Ele, após saber que a morte estava próxima, passou a viver “cada dia como se fosse o último”, mas nunca deixando de fazer as coisas que fazia antes e, antes ele sempre viveu “cada dia como sendo o primeiro”. Continuou a lutar por concretizar os sonhos, por mais inatingíveis que parecessem, manteve uma atitude construtiva, alegre e de força. A força e a alegria de quem “vive cada dia como se fosse o primeiro”! E concretizou muitos sonhos contra todos os prognósticos.
Por isso, a partir de hoje, a frase nos interesses no meu perfil passa a ser “Viver cada dia como se fosse o primeiro”. Porque é esse realmente o meu interesse. Continuar a sonhar, a acreditar que posso alcançar mesmo aquilo que parece inalcançável. Na verdade já tive muitas provas que consigo.
Obrigada amigo, por me chamares a atenção e me fazeres reflectir.
5 comentários:
Não sei se conseguiria ter essa enorme força!
Viver o dia como se fosse o último ou como se fosse o primeiro?Nunca tinha pensado nisso. Mas talvez tenhas razão, se vivermos como se fosse o primeiro temos uma vida inteira ainda para realizar todos os sonhos. Beijinho
O dia-a-dia afasta-nos cada vez mais dos sonhos e de nós próprios, não é?
Quando damos por nós, vivemos a vida adormecidos num sono profundo, onde os sonhos ficam esquecidos e os dias se copiam numa rotina sempre exausta...
Não pode ser! Estou contigo Fenix. Está na altura de voltar a sonhar... De viver cada dia como se fosse o primeiro... de sonhar dia sim, dia sim!
Texto simplesmente lindo...
Subscrevo cada palavra, para não variar ;)!
Nunca tinha pensado nisso desta forma, mas esse teu amigo até tem razão...assim sempre podemos sonhar, o que nos faz tão bem...:)
bjitos
Será difícil saber se vivemos como se fosse o último ou o primeiro.
Penso que todos serão o último.
Porque prometemos a nós próprios ir proceder de uma maneira diferente e o dia acaba (é o último) e ficou a promessa.
Será difícil instalar um relógio no nosso organismo com o qual pudéssemos controlar os nosso impulsos e sermos alertados pelo alarme.
Que não nos alarmasse.
Que soasse cá dentro e nos desse um abanão e nos fizesse ver que a vida é para ser vivida sem escravidão humana.
E esse humano somos nós próprios.
Se conseguir viver o dia-a-dia como se fosse o último, talvez consiga um tempinho para parar ... antes de ir morrer.
Uma boa semana.
É que
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